A Bela Adormecida - Conto Original Completo dos Irmãos Grimm | Fantástica Cultural

Artigo A Bela Adormecida - Conto Original Completo dos Irmãos Grimm
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A Bela Adormecida - Conto Original Completo dos Irmãos Grimm

Autores Selecionados ⋅ 24 out. 2023
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"A princesa não morrerá, mas cairá em sono profundo, que durará cem anos" - profetizou a fada.

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Era uma vez um rei e uma rainha que diariamente diziam: "Ah, se tivéssemos um filho!" Mas a rainha nunca engravidava. Certo dia, ela estava tomando banho quando, de repente, da água pula uma rã, dizendo-lhe:

— Teu desejo se realizará: em menos de um ano terás uma menina.

A profecia da rã confirmou-se e a rainha teve uma menina tão linda que o rei não cabia em si de alegria e organizou uma esplêndida festa. Não só convidou os parentes, amigos e conhecidos, como também as fadas, para que fossem protetoras e boas com a recém-nascida. No reino, havia treze fadas, mas ele só tinha doze pratos de ouro para o banquete, portanto, uma delas não foi convidada.

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A festa foi realizada com o maior esplendor e, quando estava para terminar, as fadas concederam à menina dons maravilhosos. A primeira lhe desejou: "virtude!" A segunda: "beleza!" A terceira: "riqueza!" E assim por diante, com tudo o que se possa desejar no mundo. Depois que onze fadas haviam dito os seus votos, repentinamente chegou a décima terceira. Queria vingar-se por não ter sido convidada para a festa e, sem olhar e sem cumprimentar ninguém, disse em voz alta:

— Aos quinze anos, a princesa espetará o dedo com um fuso e cairá morta. — Sem acrescentar mais nada, virou as costas e saiu da sala.

Entre o espanto geral, a décima segunda fada, que ainda não tinha desejado um dom, se aproximou, e, como não podia anular a maldição, apenas abrandá-la, disse:

— A princesa não morrerá, mas cairá em sono profundo, que durará cem anos.

O rei, que desejava a todo custo preservar a filhinha querida de tal desventura, deu ordens para que se queimassem todos os fusos existentes no reino.

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Os demais dons das fadas confirmaram-se; a menina era tão linda, amável, gentil e inteligente que era impossível olhar para ela sem admirá-la e querer-lhe bem. Eis que, justamente no dia em que completou quinze anos, estando o rei e a rainha ausentes, ela ficou sozinha no castelo. Passeou, então, por toda parte, percorreu à vontade todos os aposentos e, por fim, foi dar em uma antiga torre. Subiu por uma escada estreita em caracol e chegou diante de uma porta. Na fechadura, estava uma chave enferrujada e, quando a girou, a porta abriu-se, deixando ver um pequeno quarto, onde uma velha, sentada diante de sua roca, fiava o linho com o fuso.

— Boa tarde, senhora — disse a princesa —, que estás fazendo?

— Estou fiando — disse a velha, acenando-lhe com a cabeça.

— O que é isso que gira tão engraçado? — perguntou a menina, e pegou o fuso para experimentar se sabia manejá-lo. Mas, apenas tocando nele, realizou-se a maldição da fada e ela espetou o dedo.

No mesmo instante em que sentiu a picada, caiu na cama que ali estava e mergulhou em sono profundo. Esse sono se estendeu por todo o castelo: o rei e a rainha, regressando nesse momento, adormeceram na sala, assim como toda a corte.

Dormiam os cavalos na estrebaria, os cães no terreiro, os pombos no telhado, as moscas na parede. Até o fogo, que flamejava na lareira, apagou-se e adormeceu. O assado cessou de cozinhar e o cozinheiro, que tentava agarrar pelos cabelos um ajudante, também adormeceu nessa posição. O vento paralisou-se e, nas árvores diante do castelo, não se mexeu mais nenhuma folha.

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Em volta do castelo cresceu, então, uma sebe de espinhos, que cada ano se tornava mais alta e acabou por circundá-lo e cobri-lo todo, de maneira que não se via mais nada dele, nem mesmo a bandeira da mais alta torre. Na região, espalhou-se a lenda da Bela Adormecida. De vez em quando, aparecia algum príncipe tentando atravessar o espinheiro para entrar no castelo, mas não conseguia, pois o espinheiro impedia-os como se tivessem mãos e os segurassem. Assim os jovens ficavam emaranhados e, não podendo desvencilhar-se, acabavam morrendo.

Muitos anos depois, chegou à região um príncipe e ouviu um velho falar no espinheiro, dizendo que atrás dele havia um castelo onde uma belíssima princesa dormia há cem anos, e com ela dormiam o rei, a rainha e toda a corte. O príncipe já ouvira seu avô contar que muitos príncipes haviam tentado atravessar o espinheiro, mas que ficaram emaranhados e acabaram morrendo de maneira horrível. Então, o príncipe disse:

— Eu não tenho medo. Abrirei uma brecha no espinheiro e chegarei onde se encontra a Bela Adormecida.

Não deu atenção ao bom velho, que tentou, por todos os meios, dissuadi-lo da aventura. E, justamente, se completaram os cem anos, tendo chegado o dia em que a Bela Adormecida devia despertar.

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Quando o príncipe se aproximou do espinheiro, viu que estava todo coberto de grandes e belíssimas flores que espontaneamente se separaram para deixá-lo passar, fechando-se depois às suas costas. No pátio do castelo se deparou com cavalos e cães de caça malhados, dormindo, deitados no chão. No telhado viu os pombos com a cabecinha debaixo da asa, também dormindo. No interior do castelo, viu as moscas dormindo, grudadas na parede; na cozinha, o cozinheiro na mesma atitude de braço erguido e a criada sentada diante da galinha que estava depenando. Continuou andando e na sala viu toda a corte dormindo e, recostados no trono, o rei e a rainha adormecidos também. O silêncio era tão completo que ele ouvia sua própria respiração. Finalmente, chegou à velha torre e abriu a porta do quarto onde dormia a princesa.

Ela estava deitada e era tão linda que o príncipe não conseguia despregar os olhos; inclinou-se e deu-lhe um beijo. Com aquele beijo, a Bela Adormecida abriu os olhos, despertou e o olhou sorrindo com doçura. Ele tomou-a pela mão e juntos desceram à sala. Então o rei, a rainha e toda a corte despertaram também, olhando-se pasmados uns aos outros.

Os cavalos no pátio levantaram-se e relincharam; os cães de caça espreguiçaram-se agitando os rabos; os pombos no telhado tiraram a cabecinha de sob as asas, olharam em volta e saíram voando para os campos; as moscas voltaram a esvoaçar; o fogo na cozinha reavivou-se, tornou a crepitar e continuou a cozinhar a comida; o cozinheiro deu o safanão no ajudante, fazendo-o gritar, e a criada acabou de depenar a galinha.

Alguns dias depois, celebraram o casamento do príncipe com a Bela Adormecida, que viveram muito felizes até o fim de suas vidas.

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