O Paradoxo da Bomba: Um Futuro Indeciso | Fantástica Cultural

Artigo O Paradoxo da Bomba: Um Futuro Indeciso

O Paradoxo da Bomba: Um Futuro Indeciso

Por Paulo Nunes ⋅ 19 dez. 2021
Compartilhar pelo FacebookCompartilhar por WhatsAppCitar este artigo

Prever o futuro é mais esquisito do que você imagina.

Imagine que apenas você e uma segunda pessoa no mundo todo possuem uma máquina capaz de prever o futuro: uma espécie de computador que informa sobre eventos ainda por ocorrer.

O equipamento funciona como uma máquina do tempo: a única diferença é que, ao invés de transportar pessoas e coisas, ela transporta informação.

Ilustração de Wren McDonald
Ilustração de Wren McDonald

Mas não se engane, ela é uma máquina do tempo também: toda informação é um fenômeno físico (sinal elétrico, ondas wi-fi) e, portanto, seu transporte de uma época para outra seria uma viagem no tempo.

Certo dia, pela manhã, você dá uma olhada na sua máquina de prever o futuro e descobre que a Torre Eiffel será destruída por uma bomba, em uma ação terrorista. O evento irá ocorrer dentro de dez horas.

Como você não vive na França, não fala francês e sabe muito bem que ninguém vai acreditar em você, caso tente intervir, você não faz nada.

No entanto, a outra pessoa que possui uma máquina como a sua mora em Paris, e ele também é informado, em sua máquina, sobre a destruição da torre. Assim, ele decide acionar a polícia. E para a felicidade dos franceses, a bomba é encontrada e desativada a tempo. O futuro foi alterado com sucesso.

É quando começa o paradoxo.

Se você testemunhou, na sua máquina, a destruição da torre, como pode ser que o evento não ocorreu como deveria? Você julgará que sua máquina está com defeito, certamente.

Uma das teorias que tentam conciliar esse paradoxo é que, se o evento for evitado no futuro, isso se refletirá também no passado: portanto, se a torre vier a ser salva da destruição, você não a verá sendo destruída na sua máquina previsora do futuro. Teoricamente, o evento será anulado tanto no futuro quando no passado.

E no entanto...

Se o nobre francês salvou a Torre Eiffel e isso fez como que você deixasse de receber a previsão da bomba... o mesmo ocorreria com o francês: ele também não receberia a previsão da bomba em sua máquina. E se ele não for informado sobre a destruição da torre, ele não acionará a polícia... e dessa forma, a torre será destruída.

Mas... se a torre de fato vier a ser destruída, nessas circunstâncias... Por que nem você nem o francês receberam a previsão do evento em suas máquinas? A máquina não deveria prever o futuro?

Esta, é claro, é uma variação do famoso paradoxo do avô: se você voltar no tempo e assassinar seu avô, você impediria seu próprio nascimento; mas se você jamais tivesse nascido, você não poderia voltar no tempo para assassinar seu avô, pelo que seria impossível que seu avô fosse assassinado por uma pessoa que jamais existiu.

Até onde se sabe, esses paradoxos sobre viagem no tempo não têm solução. Mas fique à vontade para passar suas madrugadas quebrando a cabeça nessas questões. Certamente não estará sozinho.

relogio2

foto do autor

Paulo Nunes

Escritor, editor, ilustrador e pesquisador



SÉRIE NUM FUTURO PRÓXIMO

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

NUNCA PERCA UM POST