Separe a ciência da ideologia,
ou a ciência morrerá.
O método científico, como técnica para gerar conhecimento, é a ferramenta mais poderosa já desenvolvida pela humanidade.
Seria impossível calcular todos os benefícios gerados pelo seu uso. Nos últimos séculos, cada ser humano ganhou, em média, várias décadas de vida; a mortalidade infantil, tão comum no passado, foi reduzida dramaticamente; milhares de doenças passaram a ser curadas via medicamentos, vacinação ou cirurgias. Os índices globais de fome têm caído consistentemente, devido às novas formas de produção e ao enriquecimento generalizado da civilização. E isso para não mencionar todas as facilidades tecnológicas que tornam o cotidiano menos sofrido, abrindo tempo para que as pessoas se dediquem a outras atividades que não a mera sobrevivência.
É claro que para cada problema resolvido pela ciência, novos problemas tendem a surgir. Mas como disse Isaac Asimov, "Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los".
E ainda assim, um dos fatos básicos que a maior parte das pessoas parece não entender é que a ciência é incapaz de dizer o que devemos fazer.
Parafraseando uma fala da física teórica alemã Sabine Hossenfelder:
A ciência não pode lhe dizer se você deve pôr o dedo na tomada ou não; ela apenas pode lhe dizer que a corrente elétrica passará pelo seu corpo se você o fizer, podendo causar-lhe dano físico.
Portanto, não faz sentido falar em "seguir a ciência". Esta é uma retórica ilógica, uma desculpa usada por políticos para forçar a aceitação de suas decisões. A ciência serve para nos dizer como é a realidade, mas o que faremos em relação aos fatos é uma questão de escolha pessoal ou política. E não é de hoje que a ciência tem sido subvertida e cooptada por militantes que querem convencer a sociedade a agir segundo suas ideologias.
O cerne deste fenômeno encontra-se no influxo de ideologias radicalizantes e intolerantes tomando espaço e hegemonia nas universidades. E as ciências humanas são o principal ninho dos ativistas. Eles não estão lá para investigar a verdade, como cientistas ou pesquisadores, mas para divulgar suas opiniões, para fortificar suas agendas políticas, valendo-se da autoridade acadêmica para desempenhar seu ativismo e, a partir dele, exercer influência sobre o resto da sociedade. A infestação é tal que já não há espaço para discordância ou verdadeiro debate; o dogma está cristalizado.
O que grande parte dos acadêmicos em ciências humanas têm feito, por todo o Ocidente, não é ciência, tampouco pesquisa; é militância. As universidades tornaram-se espaços tomados por uma única ideologia, radicalmente intolerante a qualquer outra, e em geral são financiadas com dinheiro público de contribuintes que se opõem à ideologia pela qual são forçados a pagar. Seu objetivo declarado é sempre o mesmo: salvar a sociedade de alguma mazela.
A ânsia para salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para a ânsia de governá-la. — H.L. Mencken
Uma cultura pró-ciência não pode tolerar a vandalização das universidades e do método científico, principalmente quando estes atos são perpetrados com financiamento público. As ciências humanas (história, filosofia, sociologia, geografia, letras, artes) contêm elementos cruciais para a definição de nossa cultura, e precisam ser salvas dos terroristas intelectuais.