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Artigo Os Jovens Marxistas Só Querem Uma Coisa...
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Os Jovens Marxistas Só Querem Uma Coisa...

Por Paulo Nunes ⋅ 9 mar. 2021
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Dinheiro, poder e privilégios:
o que querem os marxistas de hoje?

Calma, calma. Não é bem o que você está pensando.

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Hoje, estava relembrando como minha relação com a política foi se alterando ao longo do tempo. Quando criança, sempre vi os políticos como uma massa homogênea de gente engravatada que falava muito sem dizer nada. Lembro de me forçar a entender o que um deles dizia na TV, uma vez, e de ficar embasbacado: não compreendia uma frase.

Mas com o tempo, fui apresentado às militâncias, e a homogeneidade aparente desapareceu. É claro, não havia militâncias de centro ou de direita. Havia uma espécie de monopólio no ativismo. Foi quando conheci os primeiros marxistas — autodeclarados, ou simpatizantes.

Minha impressão foi péssima. No ensino médio, eles eram os responsáveis pelo diretório estudantil, como de praxe em qualquer escola. A ideia de uma parte da estrutura escolar ser administrada pelos estudantes é algo interessante, acredito. Na prática, porém, era um certo grupo bem característico de repetentes militantes que tomava conta dos diretórios, selecionando seus amigos de mesma índole para comporem o resto da equipe. Um nepotismo semelhante ao da política dos adultos. À época, eu não tinha qualquer interesse em política, mas depois passei a perceber a semelhança.

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Antes de eu ter qualquer entendimento mais complexo sobre o ser humano, aquelas figuras já me causavam instintiva repulsa: olhar malandro, hipocrisia compulsiva, orgulho da própria preguiça, primeiros indícios de vício em maconha, as intrigas e a difamação pelas costas, lentidão e inutilidade como estilo de vida, ignorância e inaptidão escolar, e provavelmente um baixo QI. (A descrição é, obviamente, estereotipada: um compilado de todas as características mais comuns neste tipo sociológico. Se criássemos um personagem mítico, um avatar ideal do jovem marxista, ele seria assim). No meu colégio, exibiam um quadro de Che Guevara no diretório. Nenhuma surpresa. Não havia ditador, guerrilheiro ou torturador socialista que eles não apreciassem. Quem foi Mao? Quantos milhões mandou prender, torturar e fuzilar? Eles não sabiam, é claro, mas ao descobrirem que Mao havia sido comunista... ele tornava-se imediatamente um novo santo no altar.

Há alguns anos, editei um livro de memórias de um tal Paulo Dal Ponte. Ainda lá pelos anos 70, em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, Paulo testemunhou no seu colégio a mesma história: adolescentes comunistas, sempre os repetentes, brigando pelo controle do diretório, e organizando passeatas e protestos contra fenômenos que não entendiam, defendendo ideologias e propostas que compreendiam menos ainda. Se era assim nos anos 70, durante a ditadura militar, imagine como é agora.

Os jovens, é claro, são sempre os melhores idiotas úteis: vivem embriagados com esse ímpeto de "mudar o mundo", ainda que falhem em resolver vários de seus próprios problemas pessoais, infinitamente mais simples e controláveis. Como é natural dessa idade, iludem-se com a ideia narcisista de que são especiais, capazes de resolver problemas multimilenários e altamente complexos que as mentes mais brilhantes de centenas de gerações anteriores já têm tentado solucionar. E o fato de que os pais, a mídia e o sistema educacional reforçam essa crença narcisista só piora a situação (só isso explica a celebração de Greta Thunberg, que quando colocada a falar sem os scripts preparados pelas organizações que promovem sua militância, não consegue sequer explicar o que pretende com seu ativismo).

Temos então a definição de militante idiota útil:

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  • Sem conhecimento histórico concreto, mas que acha que conhece história, pois teve contato com versões filtradas e resumidas (propaganda).
  • Sem entendimento de economia ou ciência política, mas que julga saber exatamente quais são as melhores medidas econômicas, constitucionais, executivas, legislativas e jurídicas para melhorar a sociedade, baseando-se em um achismo dolorosamente mal informado e infantilizado.
  • Altamente motivado por emoções, fanatismo e preconceitos, estes controlados por algum movimento político. São, portanto, escravos do pathos, as emoções primitivas e irracionais que distorcem o logos, como Aristóteles já advertia há 2.300 anos, sobre a arte da retórica para manipular pessoas via emoções, para determinados fins.

E, obviamente, quando o adolescente marxista passa a ser um adulto marxista, você também poderá encontrá-lo nos diretórios, mas agora nos das universidades. Há umas décadas, era mais raro encontrar um marxista hardcore. Era preciso procurar nos cursos de história, por exemplo, ou nos de filosofia ou ciências sociais. Eles tornavam (e ainda tornam) qualquer espaço que ocupavam um absoluto lixo, em especial os centros estudantis. Era sua contribuição cultural, quem sabe. Ainda hoje, quem circula pelas universidades sabe que vários desses estudantes são diretamente vinculados a partidos políticos específicos, que os cooptam para divulgar sua propaganda.

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Mas há algumas décadas, os marxistas costumavam ser menos agressivos, porque ainda precisavam dialogar com os não marxistas, e tentar elaborar argumentos coerentes, com a civilidade e camaradagem que se esperam de um ambiente acadêmico, incluindo aí o respeito ao livre pensar. Mas isso não duraria.

Hoje, a versão simplificada e disfarçada da ideologia marxista é tão hegemônica que quase todos compartilham dela, sinceramente ou de forma simulada, para não sofrer bullying, ostracismo ou penalidades educacionais. Além disso, devido ao nepotismo acadêmico, quem quer se tornar professor universitário precisa cantar o coro ideológico da instituição. E não se trata de silenciar apenas conservadores: todos, inclusive os de esquerda, precisam alinhar seu posicionamento com a extrema esquerda.

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* Vamos doutrinar mesmo!

As novas gerações, assim, passam a confundir o neomarxismo progressista com a pura normalidade, porque não conhecem nenhuma forma de pensamento que não aquela, muitas vezes já introduzida nas escolas. O marxismo light virou o status quo acadêmico.

E da educação para a sociedade, podemos contemplar o destino de muitos desses marxistas: os frustrados oprimidos; os acomodados privilegiados; e os projetos de tiranos.

No primeiro caso, temos o resultado da mentalidade vitimista frente à realidade. O marxista, em geral, não entende que os recursos no mundo só existem quando alguém trabalha e produz. Assim, ele julga ter um direito inalienável a recursos como comida, moradia, educação, etc., mesmo que ele próprio não trabalhe ou crie valor suficiente para criar esses recursos ou para justificar o recebimento deles das mãos de quem trabalhou para criá-los. É o fruto de uma mentalidade mimada: "meus pais me davam tudo, agora cresci, alguém/algo deve substitui-los".

A falha lógica óbvia é que se uma pessoa não trabalha e recebe benefícios, outra pessoa está tendo que trabalhar para ela. Isto é: um cidadão trabalhador é forçado pelo Estado a trabalhar para prover a outro cidadão, que não faz nada em troca. Você pode chamar isso de escravidão ou extorsão: como preferir.

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É claro que, no caso do assistencialismo ou da caridade, há muitos argumentos para compartilhar recursos como quem esteja em grande necessidade. Mas essa não é a mentalidade do marxista. O marxista entende que o mundo lhe deve algo, e que quando sente fome, a causa não é a natureza, que exige dos seres a busca diária por alimento; não, para ele, a culpa é de alguém, via capitalismo. "Estou com fome porque alguém tem dinheiro e não está pagando meu almoço." Entram os conceitos de meios de produção e abolição da propriedade privada: "Tenho direito às suas maçãs, porque a terra e a árvore são de todos, e você as roubou" — ou então: "Sua máquina de costura é um meio de produção que gera renda, ela precisa ser coletivizada, para beneficiar aos demais. Ela não é sua." E quando algum indivíduo é bem-sucedido, o marxista não comemora e tenta seguir caminho semelhante; não, ele se consome de inveja, e exige receber parte da prosperidade, simplesmente por existir e por "ter direitos".

Assim, o marxista é um parasita. Ele se vê no direito de receber sem dar em troca, e irá falar em justiça social, valores coletivos, solidariedade, combate ao egoísmo, combate ao individualismo, combate à desigualdade, repúdio à mais-valia, amor, tolerância, resistência e outros clichês para justificar seu parasitismo, bem como para convencer aos outros e a si mesmo que está agindo de forma ética e não egoísta.

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E daí entra a pobreza. Como o marxista odeia o capitalismo e não entende que o dinheiro que recebe está diretamente vinculado ao valor que ele é capaz de prover à sociedade, muitos deles tenderão a ser pobres ou, se conseguirem um emprego bem pago, viverão frustrados por não admitirem a ideia de uma hierarquia de trabalho ou diferenças salariais. Se você odeia seu patrão e o seu trabalho, não é surpresa que permaneça por décadas nas piores posições, ou mesmo que seja demitido. E pior: se você é contra a própria ideia de empreendimento capitalista, nunca será um empreendedor, o que o obrigará a ser sempre funcionário de alguém.

A exceção, aqui, são os funcionários públicos marxistas (ou simpatizantes). Estes viverão frustrados por outra razão: dado que são indemitíveis, e que seu desempenho é irrelevante na composição de seu salário, sua vida profissional muitas vezes passa a ser tão morosa e sem propósito que muitos já vivem como aposentados alguns anos após terem passado no concurso público, como se a parte vibrante, ativa e estimulante de sua vida já tivesse acabado. A competição por excelência e evolução pessoal acabou: uma vez no serviço público, muitas pessoas simplesmente relaxam em seus cargos e passam a contar os dias para se aposentar. Assim, não é à toa que tantos professores, mesmo os que ganham bem, nas universidades, passem a fazer o mínimo de esforço nas suas funções, com o mínimo de dedicação e comprometimento, desiludidos com sua controbuição social.

Em potencial, todos os marxistas têm uma propensão à tirania, geralmente faltando-lhes o poder para exercê-la. Isso porque eles não respeitam a soberania dos outros indivíduos: eles desejam impor sua ideologia com ou sem a concordância democrática dos demais.

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Conforme instrui o Manifesto Comunista, e conforme foi feito em todos os países que tentaram implantar o comunismo, entende-se que a superioridade ética e intelectual do marxista (que julga saber o que é certo e o que irá funcionar para a humanidade) justifica o uso da força para perseguir, prender, apropriar, censurar e matar, em nome da justiça social. Ao queimarem estátuas ou outros bens públicos, por exemplo, ou ao pararem rodovias, os marxistas (ou os "antifascistas", alinhados com o marxismo) indicam o quão pouco estão preocupados com democracia, diálogo e solidariedade: eles tentam sempre impor seus valores e suas políticas à força, ao invés de dialogar com a população em busca de conscientização e consenso.

E por fim temos os projetos de tirano, aqueles marxistas que chegam a obter poder ou influência, como políticos, jornalistas, celebridades e até empresários militantes. Estes são os chamados champagne socialists, ou socialistas do Leblon. Apesar de sinalizarem publicamente sua solidariedade com o cidadão de classe baixa, eles não abrem mão de todos os privilégios de sua classe, e disfarçam o nojinho que têm pelos pobres (inclusive os que limpam suas privadas).

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Estes são os que enaltecem Cuba ou o governo autoritário da atual Argentina (ou mesmo a China, com seus campos de concentração para muçulmanos e tráfico institucionalizado de órgãos retirados à força), declarando que o Brasil deveria se inspirar em tais regimes, mas que tiram férias em Nova York, Miami, Paris. São os que promovem o uso de máscaras e lockdowns, mas que fazem festas particulares com dezenas ou centenas de pessoas, sem usar máscara e sem qualquer distanciamento. São aqueles que, como Fidel Castro ou Maduro, acumulam fortunas e vivem em mansões, enquanto a ralé socializada vive com rações mensais mínimas, recebendo pares de sapatos uma vez ao ano, quando têm sorte, ou comendo seus próprios animais de estimação, para não morrer de fome.

No fim das contas, a mentalidade do marxista está sempre obcecada com as duas coisas que ele acredita odiar mais: poder e dinheiro. Não é de surpreender, visto que toda a base filosófica do marxismo é o materialismo, que exclui do campo de assuntos relevantes todas as demais dimensões da existência humana, fatores estes que são cruciais na vida das pessoas.

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No topo à esquerda: "Trabalho mata!"

O marxista típico quer ter poder e influência, mas não quer se esforçar para obtê-lo de forma democrática, por seu próprio mérito. Ele não vê problema em obter poder e influência à força (ou por atalhos, como cotas ou vitimização), pois crê saber o que é melhor para a sociedade, e como todo narcisista, julga que merece posição de destaque; para ele, as pessoas deveriam se submeter à sua liderança. E ele também quer dinheiro, luxo e recursos, mas sem precisar trabalhar honestamente para receber esses valores via transação voluntária; ele crê merecer compensação pela força redistributiva (extorsiva) do Estado, meramente por acreditar ser uma pessoa excepcionalmente boa e especial.

A visão de mundo marxista, portanto, não deriva de conclusões filosóficas racionais. Não. É o contrário: primeiro, surge o desejo de se apropriar do que é do outro, de obter poder sem consentimento, de galgar alguma hierarquia de competência sem comprovar expertise, de obter recursos sem trabalho. Depois que o objetivo é identificado, uma teoria pseudocientífica é elaborada para justificar e alcançar esses desejos (o marxismo), engendrando uma farsa de aparência ética e racional para apaziguar a consciência dos marxistas e para legitimar seu fascismo vermelho.

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foto do autor

Paulo Nunes

Escritor, editor, ilustrador e pesquisador



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