Os Cinco Elementos São Estúpidos - Série Num Futuro Próximo | Fantástica Cultural

Série Num Futuro Próximo - Arte de Simon Stalenhag

Num Futuro Próximo



23 out. 2023
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Os Cinco Elementos São Estúpidos

Num Futuro Próximo

Um tapa na cara da tabela periódica...

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Algumas pessoas ainda não foram avisadas de que os famosos cinco elementos são uma farsa completa. Talvez fizesse algum sentido há mil anos. Não mais. Cada um dois cinco elementos é mais estúpido do que o anterior, e não posso mais manter meu silêncio em relação a essa fraude revoltante.

Ah, os cinco elementos: foto, água, ar, terra... e éter. Quantos filósofos e sábios da antiguidade, quantos protocientistas, alquimistas, curiosos não acreditaram nesta elegante base de cinco fundamentos para todas as demais peças do universo físico. A humanidade estava em sua infância, e ainda acreditava em fadinhas do dente. Chega dessas bobagens.

O fogo não é nem elemento, nem mesmo é feito elementos. O fogo é apenas a energia liberada durante a transformação química de outros elementos, nas formas de radiação (calor) e fótons (luz). Um papel em chamas é um tipo de matéria (celulose, entre outros) sendo convertida em outra forma de matéria (em cinzas, restos de carbono sólidos, e a fumaça, constituída principalmente de dióxido de carbono). Ou seja: fogo não é uma coisa, é um processo. É a liberação de energia.

Já a água é o que temos de mais próximo de um elemento. O único problema é que ela é, na verdade, dois elementos, oxigênio e hidrogênio. Este erro dos pensadores antigos é o mais perdoável, porque ainda não se conheciam os verdadeiros elementos básicos indivisíveis, e seria sensato assumir que a água é feita de um deles, até que se obtivesse prova contrária.

O ar enquadra-se em situação semelhante: seria sensato pensar que ele é algo uniforme, em tempos remotos. Porém, não estamos em "tempos remotos" (ou estamos?). O ar é formado por dezenas de elementos (oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, etc.) e gases mais complexos constituídos pela combinação de elementos (como o dióxido de carbono). E o pior: a água faz parte do ar. Na forma de vapor, a água é um dos constituintes do ar.

Mas talvez a substância que contenha a maior diversidade de elementos seja a terra, que pode conter, entre suas partículas, tanto ar e água quanto todo tipo de resíduos inorgânicos e orgânicos. De perto, a terra é formada por minerais, restos de plantas e animais, além de possuir uma pluralidade incalculável de seres vivos decompositores (bactérias, fungos, animais minúsculos...). A terra é o pior elemento fundamental, pois é o que menos se parece com algo indivisível.

E o por fim temos o éter, que nem sequer existe. Uma analogia simples serve para explicar o éter: se todas as coisas no universo são um desenho, o éter seria o papel no qual o desenho foi feito. Conforme a física moderna, porém, este papel de fundo não é real — as coisas existem umas em relação às outras, sem um pano de fundo absoluto (daí a ideia de relatividade). Mesmo no passado, o éter sempre foi apenas uma hipótese, já que não se pode detectá-lo, medi-lo, testá-lo.

Mas num futuro próximo, não tenho dúvida de que estaremos jogando a Tabela Periódica no lixo, e retornando às nossas origens alquimistas.

Afinal, a verdade é subjetiva, e devemos trazer para a ciências as crenças populares ancestrais. Devemos tratar o saber das tribos de caçadores-coletores (indígenas e africanas) como cientificamente válidas. Devemos decolonizar as faculdades, livrando-nos do cientificismo colonizador europeu cartesiano positivista capitalista neoliberal cristofascista patriarcal imperialista xenofóbico racista machista homofóbico transfóbico e supremacista branco.

Ou pelo menos é o que nossas universidades têm defendido apaixonadamente. E quando elas conseguirem alcançar a utopia, a Nova Tabela Periódica terá apenas cinco elementos outra vez.


Paulo Nunes
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