Recomendações de Leitura: Livros Recomendados - Página 1

Lista de Autores - Fantástica Cultural

Recomendações de Leitura

Página 1 de 2 (listando de 10 em 10)

A leitura é considerada uma das mais nobres atividades humanas, mas o fato é que nem todos os livros foram criados iguais. Alguns pouca utilidade oferecem, enquanto outros jamais cessam de inspirar seus leitores, geração após geração. Abaixo, são listadas algumas das obras mais recomendadas pela Fantástica, seja nas áreas do conhecimento, seja nas da ficção.



Livro recomendado: O Perfume

O Perfume

Patrick Süskind

Título original: Das Parfum
1985 • Alemanha • Português (trradução)
mistério, realismo mágico, terror, ficção histórica

Este é um romance único. Não conheço nenhuma outra obra cujo foco seja... os cheiros. Este é o desafio do escritor Patrick Süskind: narrar o universo sensorial do protagonista, Jean-Baptiste Grenouille, que percebe o mundo através dos odores, com habilidades olfativas excepcionais. Afinal, como narrar cheiros, se quase não temos nomes para eles?

Esta é uma das partes mais interessantes e inovadoras de O Perfume. Em sua adaptação para o cinema, a história perde quase totalmente este aspecto, dando ênfase ao enrede de crimes, de suspense, de mistério. E estes elementos estão todos do livro, mas com o acréscimo de que assistimos a tudo pela perspectiva estranhíssima de um homem cujo olfato o eleva a certo status sobrenatural.

Embora já seja clichê dizer que "o livro é melhor que o filme", às vezes é importante ressaltar as diferenças: enquanto o filme tem mais apelo comercial, e se enquadra em certo padrão genérico de suspense, o livro não tem nada de formulaico ou genérico. É realmente um texto original, criativo, intenso e marcante, uma leitura esquisita e fabulosa que o leitor dificilmente irá esquecer.
Livro recomendado: Parque dos Dinossauros

Parque dos Dinossauros

Michael Crichton

Título original: Jurassic Park
1990 • Estados Unidos • Português (tradução)
ficção científica, suspense tecnológico, literatura fantástica

Este é para quem adora ciências, em especial paleontologia. É claro que o parque dos dinossauros é um thriller de suspense e horror, indo da fantasia à ficção científica. Mas também é bastante realista: é apenas por alguns detalhes que a clonagem de dinossauros é hoje impossível (os DNAs infelizmente não se preservam por tanto tempo, como o livro sugere). Não fosse isso, nada impediria que este parque realmente existisse.

Sua adaptação para o cinema (Jurassic Park, de Steven Spielberg) contém apenas parte da história do livro. Michael Crichton explora na obra muitos outros detalhes sobre as técnicas utilizadas para trazer os dinossauros à vida, e há diversas cenas de ação e terror ausentes no filme de Spielberg (algumas delas usadas em filmes posteriores).

Se você está na dúvida se vale a pena ler a obra original, esta é minha dica: nerds irão adorar. São os detalhes científicos, as diferentes espécies de dinossauros, a expertise acadêmica dos personagens que enriquecem o livro em relação ao filme. É possível até aprender uma coisa ou outra sobre ciência.
Livro recomendado: O Dia do Curinga

O Dia do Curinga

Jostein Gaarder

Título original: Kabalmysteriet
1990 • Noruega • Português (tradução)
fantasia, infantojuvenil, ficção filosófica

Jostein Gaarder é mais conhecido por seu livro didático de filosofia disfarçado de romance infantojuvenil, O Mundo de Sofia. Enquanto nessa última obra ele busca instruir os leitores sobre as correntes filosóficas ao longo da história, em O Dia do Curinga temos ficção pura: uma obra de fantasia de quebrar a cabeça.

A história é, na verdade, várias histórias inseridas uma dentro da outra, em um emaranhado vertiginoso, mas divertido. Passamos dos personagens realistas (um pai e seu filho viajando pela Europa) para uma ilha fantástica onde os habitantes são cartas de baralho. As peripécias lógicas e filosóficas criadas por Gaarder a partir dessa premissa sem dúvida merecem uma adaptação para o cinema — trata-se de uma aventura tão maluca quanto Alice no País das Maravilhas, que instiga tanto a imaginação quanto a inteligência do leitor.

O curinga, a carta que parece sobrar no baralho, é símbolo das pessoas que não se encaixam propriamente nos padrões, mas que, ao mesmo tempo, podem transitar entre várias realidades: o curinga é o diferente, o tresloucado, mas também o que pensa o que ninguém pensa, e percebe o que ninguém percebe. O curinga, afinal, é o filósofo.
Livro recomendado: Farenheit 451

Farenheit 451

Ray Bradbury

Título original: Farenheit 451
1953 • Estados Unidos • Português (tradução)
ficção científica, ficção distópica, ficção política

Ao lado de Admirável Mundo Novo e 1984, Farenheit 451 compõe a tríade dos melhores romances de ficção científica distópica. Nele, Bradbury retrata um futuro em que a cultura é completamente pasteurizada, rebaixada ao seu mínimo denominador comum. Os jornais não possuem palavras, apenas desenhos. O povo, apesar de próspero, de barriga cheia, vive dócil e obediente sob o controle meticuloso do Estado. É o triunfo da tecnocracia.

Neste estranho cenário, alguns poucos indivíduos se rebelam para traficar itens proibidos pelo Estado: os livros. Os agentes do governo ocupam-se de caçar os transgressores e incendiar todos os livros que encontram. Estes agentes são os firemen (em inglês, bombeiros, mas que nesta obra ganham o significado literal de fire + men, homens do fogo — são incendiadores). Daí o nome do livro: é na temperatura de 451 Farenheit que o papel pega fogo.

Mas conforme declarou o próprio autor, sua intenção não era criticar sistemas totalitários, mas celebrar a importância dos livros. Em Farenheit 451, comunidades de rebeldes se formam nos bosques, onde cada um memoriza um livro por inteiro: assim, mesmo que as cópias sejam incendiadas, o conteúdo das obras passará adiante — sem papel ou qualquer material além da mente humana.
Livro recomendado: O Processo

O Processo

Franz Kafka

Título original: Der Prozess
1925 • Áustria-Hungria • Português (tradução)
ficção absurdista, ficção distópica, romance filosófico

Esta é uma história sem pé nem cabeça. E é a perfeita representação de certos aspectos da nossa vida que, apesar de tentarmos desesperadamente racionalizar, não fazem qualquer sentido.

Em O Processo, K. transita como em um mundo de sonhos, de vez em quando transformado em pesadelo. Acusado de um crime desconhecido, K. deixa-se levar pelos mecanismos burocráticos da Justiça — um processo tão absurdo, caótico e irracional que, pelo menos uma vez na vida, todos nós já testemunhamos: um cenário kafkiano. Kafka, porém, não nos dá o prazer da rebelião contra a insanidade e a injustiça: o protagonista aceita sua culpa, sem sequer entender as acusações, e reage a seu mundo-manicômio como se tudo fosse normal. Talvez como nós mesmos.

Mais do que metáforas e simbologias a serem decifradas, as históricas de Kafka são representações legítimas do absurdo absoluto — aquele que não se pode explicar, racionalizar. Não existe chave de leitura para entender O Processo. Ele é o que é: um enigma sem resposta.
Livro recomendado: O Planeta dos Macacos

O Planeta dos Macacos

Pierre Boulle

Título original: La Planète des Singes
1963 • França • Português (tradução)
ficção, ficção científica, fantasia, distopia

Muitas vezes, deixamos de ler um livro porque já assistimos à adaptação da obra para o cinema, ou para uma série de televisão. No caso de O Planeta dos Macacos, não faça isso. O livro em quase todos os aspectos diverge dos filmes, e apenas algumas de suas ideias e cenas foram utilizadas nos roteiros. Aliás, meramente mencionar algumas das diferenças já incorreria em spoilers.

O que temos em comum entre livro e filme, porém, é a indagação filosófica sobre o que nos torna humanos, e como reagiríamos se outra espécie alcançasse o patamar de seres racionais sobre nós. Não é surpresa que, em sua versão literária, a história explore melhor estas questões. Mas também as explora de forma diferente, e sob uma perspectiva ainda mais ampla sobre o que é ser consciente, racional, autodeterminado — isto é, o que é ser pessoa.
Livro recomendado: A Ilha do Tesouro

A Ilha do Tesouro

Robert Louis Stevenson

Título original: Treasure Island
1883 • Escócia / Reino Unido • Português (tradução)
ficção, aventura, infantojuvenil, juvenil

Piratas sempre foram tema de interesse na literatura, tanto entre adultos quanto entre o público infantojuvenil. É A Ilha do Tesouro, porém, que melhor capturou o espírito de aventura e o imaginário da vida dos corsários em alto mar, servindo de marco inspirador para quase todos os outros livros e filmes de piratas que lhe sucederam.

Todos os elementos clássicos estão ali: caça ao tesouro, Long John Silver, o pirata com perna de pau e um papagaio no ombro; a mão gancho, que Silver precisa usar em dado momento, após ter sua mão original decepada... Temos todo tipo de confronto entre os corsários e a esquadra britânica, gente balançando em cordas com espadas em riste, bandeiras negras com caveiras, a marca negra, mapas com o desenho do X, motins, bebedeiras, pólvora, balas de canhão e por aí vai. Diversão garantida.
Livro recomendado: O Morro dos Ventos Uivantes

O Morro dos Ventos Uivantes

Emily Brontë

Título original: Wuthering Heights
1847 • Inglaterra • Português (tradução)
ficção, romance, gótico, romance de amor, tragédia

Se você não gosta de romances românticos, não se preocupe: este não é um deles. Embora muitos considerem O Morro dos Ventos Uivantes uma história de amor, bem ao gosto daquelas leitoras sedentas por paixões arrebatadoras, o livro consiste, na verdade, em um história de ódio e vingança.

De fato, temos uma paixão avassaladora, destas que não vemos no mundo real. Mas trata-se de uma obra sombria, perturbadora — verdadeiramente gótica. Cathy, a protagonista, é uma garota de classe alta que se descobre atraída (loucamente) por um jovem arredio e perigoso, Heathcliff, um bad boy do século XIX. Sua relação é romântica no sentido clássico, bem ao gosto de Goethe, como em sua obra Werther, em que o espírito do romantismo leva o protagonista a se suicidar por amor (e muitos leitores da obra o fizeram também, à época da publicação). É quando a musa da paixão tornar-se uma força de morte.

Aí está o diferencial desta obra, o único romance escrito por Emily Brontë. Assim como em Romeu e Julieta, o amor leva à destruição. Mas sob uma atmosfera permanentemente tétrica, fantasmagórica, O Morro dos Ventos Uivantes explora a paixão obsessiva, possessiva, o medo constante da retaliação dos mortos (seria possível?) e os traumas da vida humana, resultando em tragédias.
Livro recomendado: O Hobbit

O Hobbit

J. R. R. Tolkien

Título original: The Hobbit
1937 • Inglaterra • Português (tradução)
ficção, fantasia, alta fantasia, infantojuvenil, épico

Mesmo se ignorássemos por completo a existência da trilogia O Senhor dos Anéis, O Hobbit continuaria sendo, por si só, um dos melhores clássicos infantojuvenis jamais escritos. Divertida, engraçada, fantástica e inteligente, a história é capaz de cativar crianças, jovens e adultos, numa mistura de contos de fadas com alta fantasia.

Nele, encontramos pela primeira vez Gollum, a criatura corrompida pelo Um Anel; deparamo-nos com os terríveis orcs, e trolls das montanhas; conhecemos o reino dos Elfos da Floresta, os tesouros da montanha dos anões, Erebor, e a ganância nefasta do dragão Smaug. E tudo isso sob a perspectiva inocente e quase infantil de Bilbo Bolseiro, que a princípio só queria ser deixado em paz, em sua cômoda residência no Condado, e que retorna ao lar com vários feitos, riquezas e amigos conquistados ao longo de sua jornada.
Livro recomendado: Robinson Crusoé

Robinson Crusoé

Daniel Defoe

Título original: Robinson Crusoe
1719 • Inglaterra • Português (tradução)
ficção, aventura, histórico

Séculos antes dos primeiros reality shows sobre sobrevivência na natureza selvagem, Daniel Defoe já nos brindava como Robinson Crusoé — as aventuras de um náufrago que viveu quase trinta anos separado da civilização.

Esta é uma obra fascinante. Enquanto acompanhamos as inúmeras dificuldades de sobrevivência enfrentadas por Crusoé, bem como suas soluções criativas (basicamente reinventando toda a civilização, quase do zero, em sua solidão), temos o constante insight sobre seus pensamentos, suas reflexões sobre o mundo, sobre a justiça de Deus, sobre suas escolhas de vida.

Se você tem interesse em descobrir o quão dependente é das comodidades da civilização humana, experimente esta leitura — uma simulação de sobrevivência muito mais realista e detalhada do que o show Survivor ou Náufrago de Tom Hanks.
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